Policial é suspeito de sequestrar homem na Praia do Futuro e exigir R$ 300 mil
Promotor de eventos foi arrebatado por três homens que se identificaram como policiais e agrediram-no por horas. Soldado investigado nega envolvimento com o crime
A Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) investiga um policial militar suspeito de sequestrar um homem no bairro Praia do Futuro, em Fortaleza, na madrugada do último dia 24 de fevereiro. Portaria informando a abertura de procedimento istrativo disciplinar contra o soldado David Barbosa Tavares foi publicada na edição dessa segunda-feira, 9, do Diário Oficial do Estado (DOE).
O POVO teve o ao relatório final do inquérito policial instaurado pela Delegacia de Assuntos Internos (DAI) e que resultou no indiciamento de David. A peça afirma que a vítima, um promotor de eventos de 39 anos, estava no estacionamento de uma barraca de praia, em uma atividade profissional, quando foi abordado por três homens que trafegavam em um carro modelo Toyota Corolla.
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O trio estava à paisana, mas se identificou como PMs. Eles colocaram uma balaclava no rosto da vítima e aram a agredi-la. Em seguida, conduziram-no a um imóvel localizado na região do bairro Sabiaguaba, onde as agressões continuaram.
Os criminosos teriam utilizado um tronco de carnaúba para desferir pauladas na vítima. Paralelamente, eles entraram em contato com um familiar da vítima, exigindo o pagamento de R$ 300 mil para liberá-lo.
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“Durante as negociações, que se prolongaram por horas, os criminosos demonstraram conhecimento sobre os recursos financeiros da família, mencionando especificamente o veículo Mercedes (da vítima) e seu equipamento de som (paredão), sugerindo que estes bens poderiam ser utilizados como parte do pagamento. (A familiar), pressionada pelas circunstâncias e temendo pela vida (do seu parente), conseguiu reduzir o valor para R$ 76.000,00 (setenta e seis mil reais)”, afirmaram os delegados da DAI no relatório final.
Ainda de acordo com os investigadores, a família do promotor combinou de deixar R$ 76.000 em uma lixeira do bairro José de Alencar. Dessa forma, a vítima foi deixada próximo à rotatória da Sabiaguaba cerca de nove horas após ter sido arrebatada.
Três dias depois, ainda de acordo com o inquérito, os criminosos voltaram a exigir dinheiro do promotor. Dessa vez, eles exigiram R$ 24.000, que seria coletado por um motorista por aplicativo.
Este profissional foi abordado pelos policiais civis da DAI, que souberam do andamento da extorsão e montaram uma operação para efetuar o flagrante.
O motorista afirmou aos investigadores ter sido coagido por David para recolher um pacote, que era onde o dinheiro estaria — ele, porém, disse não saber qual era o conteúdo.
O motorista também disse que, duas semanas antes, o PM havia flagrado-o com 30 gramas de maconha. David, então, afirmou que o liberaria em troca de “um favor” a ser cobrado posteriormente.
PM nega envolvimento com o crime
Ouvido na DAI, David negou ter participado do sequestro, afirmando ter ficado em casa no dia do crime. Ele itiu que dirigia o Corolla usado pelos criminosos, veículo que estava no nome da mãe dele. O soldado, porém, disse ter vendido o automóvel dois dias antes do sequestro.
Sobre o número que teria sido utilizado para ar o motorista que recolheria o dinheiro da extorsão, David confirmou que ele pertencia ao celular de sua esposa. O PM também confirmou que conhecia o motorista, mas negou ter coagido ou mesmo entrado em contato com ele.
Em nota, a CGD afirmou que o inquérito policial já foi encaminhado à Justiça. A pasta não informou se as investigações continuam para identificar outros suspeitos de envolvimento no crime. Também não foi dito se a prisão de David chegou a ser pedida.
O POVO não conseguiu localizar a defesa de David na tarde dessa terça-feira, 10.